A epidemia de anabolizantes em jovens
Nos últimos anos, o uso de anabolizantes entre jovens tem aumentado de forma alarmante. Esse crescimento reflete, sobretudo, a busca incessante pelo corpo “ideal”, um padrão muitas vezes reforçado pelas redes sociais. Embora o desejo de transformar a aparência física seja compreensível, a utilização dessas substâncias carrega riscos que não podem ser ignorados.
O que são anabolizantes e por que atraem tantos jovens?
Antes de tudo, é essencial entender o que são anabolizantes. Essas substâncias, conhecidas como esteroides anabolizantes, são versões sintéticas da testosterona, o hormônio responsável pelo desenvolvimento muscular e outras funções no corpo. Inicialmente, foram criados para tratar problemas de saúde, como perda de massa muscular devido a doenças graves.
No entanto, muitos jovens acabam utilizando anabolizantes de maneira indevida, principalmente por enxergarem neles um atalho para um corpo musculoso e definido. Por mais que os resultados sejam rápidos, a ausência de orientação médica e a falta de conhecimento sobre os perigos tornam essa prática extremamente arriscada. Além disso, a pressão para obter resultados impressionantes em um curto período agrava ainda mais esse cenário.
A influência decisiva das redes sociais
As redes sociais desempenham um papel central no crescimento dessa epidemia. É impossível negar que plataformas como Instagram, TikTok e YouTube inundam os jovens com imagens de corpos aparentemente perfeitos. Esses corpos, frequentemente associados a influenciadores digitais, muitas vezes criam expectativas irreais e incentivam práticas perigosas.
Um exemplo claro desse fenômeno é o influenciador Sam Sulek. Ele se tornou um ícone entre os jovens entusiastas do fisiculturismo ao compartilhar sua rotina de treinos intensos e transformações físicas. No entanto, sua popularidade está frequentemente vinculada ao uso de esteroides anabolizantes, um detalhe que gera preocupações. Mesmo sem promover explicitamente essas substâncias, sua influência normaliza, de certa forma, o consumo de anabolizantes. Assim, jovens acabam sendo levados a acreditar que precisam seguir caminhos semelhantes para alcançar resultados iguais.
Além disso, a busca pela validação social, amplificada por curtidas, comentários e compartilhamentos, torna a pressão ainda maior. Jovens, especialmente aqueles em formação, muitas vezes não conseguem separar o que é real do que é promovido de forma irreal nas redes.
Os danos severos que não devem ser ignorados
Apesar dos resultados estéticos promissores, os anabolizantes carregam efeitos colaterais que comprometem seriamente a saúde. Entre os principais riscos, estão:
- Problemas cardíacos graves: os anabolizantes aumentam consideravelmente as chances de hipertensão, infarto e até derrames.
- Desregulação hormonal: nos homens, eles reduzem a produção de testosterona, causando atrofia testicular e ginecomastia. Já nas mulheres, provocam efeitos como voz mais grave e crescimento de pelos no rosto.
- Danos permanentes ao fígado e rins: o uso frequente sobrecarrega esses órgãos, muitas vezes levando à falência hepática ou renal.
- Problemas psicológicos intensos: os usuários relatam quadros de ansiedade, depressão e até explosões de agressividade, conhecidas como “roid rage”.
- Dependência química: o uso contínuo pode levar ao vício, dificultando a interrupção e aumentando os danos acumulados.
Além disso, como grande parte dos anabolizantes é adquirida no mercado clandestino, a exposição a produtos adulterados ou contaminados torna a situação ainda mais perigosa.
Por que tantos jovens ignoram os riscos?

Ainda que as informações sobre os perigos dos anabolizantes estejam disponíveis, muitos jovens continuam ignorando os avisos. Isso ocorre, em grande parte, devido à desinformação e à falsa crença de que “os problemas não vão me atingir”. Essa sensação de invulnerabilidade, típica da juventude, impede que eles percebam as consequências a longo prazo.
Outro fator importante é a pressão social em academias e entre grupos esportivos. O ambiente competitivo frequentemente incentiva o uso dessas substâncias como forma de superar colegas ou atingir metas inatingíveis por meios naturais. Assim, os anabolizantes passam a ser vistos como “necessários” para se destacar ou se encaixar.
Como combater essa epidemia crescente?
Embora o cenário pareça desafiador, há várias ações que podem ajudar a combater esse problema. Em primeiro lugar, a educação desempenha um papel crucial. É fundamental que escolas abordem o tema com clareza, promovendo debates e palestras sobre os efeitos dos anabolizantes. Campanhas de saúde pública também precisam ser direcionadas ao público jovem, com foco nos riscos e nas alternativas saudáveis.
Além disso, profissionais de saúde, como médicos, nutricionistas e educadores físicos, devem atuar ativamente na conscientização. Esses especialistas podem ensinar os jovens a adotar rotinas seguras e eficazes, com base em alimentação equilibrada e exercícios regulares. Quando orientados por profissionais qualificados, eles percebem que é possível alcançar resultados consistentes sem recorrer a substâncias nocivas.
Outro ponto essencial é a fiscalização rigorosa do comércio ilegal de anabolizantes. Muitos desses produtos circulam de forma descontrolada, principalmente em academias e pela internet. Ao combater esse mercado clandestino, reduzimos o acesso e, consequentemente, o uso dessas substâncias.
O exemplo que precisamos mudar
Sam Sulek e outros influenciadores ilustram como padrões inalcançáveis impactam os jovens de maneira negativa. No entanto, precisamos destacar exemplos de indivíduos que promovam a saúde e o bem-estar, ao invés de resultados rápidos e perigosos. Mostrar aos jovens que corpos saudáveis e naturais são valiosos é um passo fundamental para mudar a mentalidade atual.
Conclusão
A epidemia de anabolizantes entre jovens não é apenas um problema relacionado à estética, mas uma grave questão de saúde pública. A busca pelo corpo “ideal”, frequentemente alimentada pelas redes sociais e influenciadores como Sam Sulek, expõe milhares de jovens a riscos severos.
Entretanto, podemos reverter essa situação por meio da conscientização, da fiscalização e da promoção de hábitos saudáveis. A construção de um futuro mais equilibrado depende de ações conjuntas entre a sociedade, os profissionais de saúde e as autoridades. Com educação e exemplos positivos, é possível transformar a relação dos jovens com seus corpos, priorizando a saúde em vez de padrões irreais.